Thursday, September 23, 2010

Pontos de vista

Ele diz, defende, jura e acredita que “um romance nasce sempre do nada”. Ela nega, contradiz e diz que “um romance nasce sempre de alguma coisa”. Agastam-se um ao outro mas nada os faz parar de, cuidadosamente, rodopiar por entre as peças de um eterno jogo de tabuleiro. Estão perpetuamente presos num suspenso passo seguinte. As peças e o tabuleiro vão mudando de forma e de lugar mas regras do jogo nunca são definidas. Não há tempo. Não pode ser hoje, nem amanhã, nem depois. Dizem eles que estão a viver um romance, que é tudo por amor. Entre gritos e silêncios penosos dá-se uma ansiada pausa e tanto um como outro olham de soslaio para as peças que não pertencem ao jogo de tabuleiro que ambos tanto se entretiveram a jogar. Novos interesses são despertados e começa assim a proliferação de um e outro romance. Não dizem que traem, actos não acontecem. “São os teus olhares” grita ela, “são os teus pensamentos”, grita ele. Mantêm-se assim juntos em repetidas tentativas de separação. O mundo sem regras dos devaneios vigora. Imaginam que não são eles próprios. E amanhã? Como vai ser o quê e quem vai ser quem? Tentam os dois negar assim a proliferação estonteante de um ou outro romance.

5 comments:

Anonymous said...

No xadrez, como na vida e no amor, um dia come-se alguém, no seguinte somos comidos xD
Como sempre, adoro as tuas analogias ^__^

CatPrince*

Snow said...

Hey hey Mr. Cat :)

Sim, e volta-se ao ponto de partida uma e outra vez.

Anonymous said...

Yep... e muitas vezes sem recebermos os 2.000 xD
And hey you Miss Snow =)

CatPrince

Drake said...

Bem, como sempre adoro o que tu escreves e simplesmente amazing ^^ e tens uma forma de escrever que ja disse e nao me farto de dizer consegues fazer as pessoas viajar.

Snow said...

Txii, sinto-me tão fixe agora :D

Só que quando me sinto mais fixe é quando não o estou a ser.

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