Tuesday, December 31, 2013

I can leave your side

It's not my problem anymore.


Monday, December 30, 2013

I'm on it

Sunday, December 29, 2013

Gold rush baby

Perdi o talão de compra de um mau vestido. É uma questão de corte. Devolução não aceite. Pois sim, más escolhas que se guardam no armário.

Saturday, December 21, 2013

Put The Blame On Mame

Dá-me lume

        O homem carrega no coração a delicadeza de um refinado whisky. 20 anos diz ele. Toldado e elegante, com o penteado perfeito e um branco de dentes imaculado recita a mesma lenga lenga amorosa a cada requintada bimba que lhe retribui o sorriso. O analisador de almas carrega no seu semblante o porte de revolucionário, é Napoleão e Álvaro cunhal. Pousa delicadamente o copo no balcão e aproxima-se da mulher de vestido curto. Sabe o que quer e sabe que pode. Sexo incompleto até ao primeiro beijo com a próxima alma aberta. Ninguém o ridiculariza a não ser ele próprio, em curtos intervalos de tempo. É tudo justificado aos olhos da plebe. A mulher que odeia homens desdenha-o. Ranço, vestígio de homem oxidado, cor de dentes polida, cheiro de tabaco num hálito platinado a muito custo. Mas ele sabe que consegue. Um homem que já foi de muitas generaliza, não perde tempo e afaga o relógio de pulso, presente da namorada que queria que ele fosse mais. E ele é mais, mais que todos, porque a mulher que odeia homens o leva para cama. É o mal das mulheres que odeiam homens, precisam de gravar razões renováveis no peito a ferro e fogo para manter o ódio a fluir. O vício de amargura perdura e prospera na sua mesquinhez. Triste moldura. O resto é gente.

Friday, December 20, 2013

Hide your face, my love

Tenho dormido pouco.

Gosto de ver o dia a nascer. É bonito. Manhãs de Inverno inigualáveis estas. Preparo uma chávena de chá.

Debruço-me sobre um romance ou um escrito pessoal. Ouço Nick Cave. É deprimente mas ameniza o frio que se faz sentir nesta sala. Fecho as janelas. Cheira a dia cá dentro. É bom, detesto que a casa cheire a mim. Tenho psoríase por isso deixo um rasto de pele por onde passo. Prendo o cabelo durante o trabalho. Acho que é por isso que os homens que tive, a certa altura foram contaminados. Guardaram o meu cheiro. Vou-me tratar, prometo. Era mais fácil quando estavas comigo. Lembro-me então de ti e da serra coberta de neve. Ah fotografias mentais, fechar os olhos não as apaga. Saudades. Esse sorriso, o mais bonito que já alguma vez vi. Um dos mais bonitos que já vi. Não sei já.


Saturday, December 14, 2013

Acerca do post anterior

Covém talvez referir que tenho começado a ouvir com bastante frequência Erik Satie.

Não sei se escolhi a melhor interpretação do tema mas como não sou especialista em música clássica esta versão parece-me muito bem.



Deixa a meio

A esperança dos tolos


As noites quentes de Outono, tão raras nos dias que correm, acolhem os tolos que sagazmente as percorrem. Dentro dos corpos, o sangue vai esfriando pois não há noite que o aqueça. Dois vultos caminham próximos um do outro de modo a que estranhos saibam que estes caminham juntos na mesma direcção, mas não próximos o suficiente para que se lhe adivinhe a proximidade amorosa. É a inconsequente natureza que revela desrespeitosamente vestígios humanos de amor. Amor esse que varia de gato para cão.
O homem, avermelhado, adoentado, ciente do seu poder, deixa-se cair em amena indiferença enquanto a mulher que o acompanha teima em esbracejar e vociferar, aparentemente incansável. Falta de tacto. Cada um, a seu jeito, defende teimosamente a veracidade do sentimento alheio. Neste pacto evidentemente destrutivo, o homem, à vista armada e desarmada está claramente a ganhar.
Um gato, interesseira criatura, salta do terreiro dos vizinhos e cruza-se no caminho do reticente casal. Roça-se nas pernas da mulher que, incomodada, o enxota. O gato, teimosa criatura, não se deixa desencorajar e roça-se agora nas pernas do homem que, facilmente rendido, se propõe de imediato a fazer-lhe festas no cachaço. Animado e bonacheirão, o gato, reconhecido especialista nas artes do lazer, de imediato começa a miar e a ronronar, encorajando o homem a agachar-se no meio da rua de forma a que todas as suas fugazes necessidades afectivas sejam de imediato satisfeitas. Consolado, este estende-se no chão alheio a quem pertencem as mãos que o afagam.
A estas mãos está ligado um braço, que termina triunfalmente num ombro jovem e bem delineado. Um pescoço segura de forma invulgarmente delicada um perfil de homem, de olhos postos na pequena criatura parda que se roça com o seu pelo macio debaixo dos seus dedos e mãos fortes. As pestanas longas suavizam qualquer possível maldade que o rosto possa ocultar e os lábios grossos e sensuais estão cerrados num permanente sorriso ausente.

E depois aborreci-me.
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