O homem carrega no coração a delicadeza de um refinado whisky.
20 anos diz ele. Toldado e elegante, com o penteado perfeito e um branco de
dentes imaculado recita a mesma lenga lenga amorosa a cada requintada bimba que
lhe retribui o sorriso. O analisador de almas carrega no seu semblante o porte
de revolucionário, é Napoleão e Álvaro cunhal. Pousa delicadamente o copo no
balcão e aproxima-se da mulher de vestido curto. Sabe o que quer e sabe que
pode. Sexo incompleto até ao primeiro beijo com a próxima alma aberta. Ninguém
o ridiculariza a não ser ele próprio, em curtos intervalos de tempo. É tudo
justificado aos olhos da plebe. A mulher que odeia homens desdenha-o. Ranço, vestígio
de homem oxidado, cor de dentes polida, cheiro de tabaco num hálito platinado a
muito custo. Mas ele sabe que consegue. Um homem que já foi de muitas
generaliza, não perde tempo e afaga o relógio de pulso, presente da namorada
que queria que ele fosse mais. E ele é mais, mais que todos, porque a mulher
que odeia homens o leva para cama. É o mal das mulheres que odeiam homens,
precisam de gravar razões renováveis no peito a ferro e fogo para manter o ódio
a fluir. O vício de amargura perdura e prospera na sua mesquinhez. Triste moldura.
O resto é gente.
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