Saturday, April 25, 2015

Tuesday, April 21, 2015

Perdoem o meu francês

Tenho insistido ao longo dos anos – em parte por culpa dos homens que tenho tido a sorte de considerar meus amigos – que o sexismo é uma idiotice que as mulheres teimam em afirmar que persiste como uma poderosa e eterna infestação de pulgas. Não é que tenha descartado o conceito do meu dia a dia pois estou claramente consciente da indiscutível presença do mesmo, mas sempre que ouvia uma mulher comentar que o Sr. “Eu é que sei e Tu não” é um tipo muito sexista pensava frequentemente que “se calhar a autora do comentário devia estar à espera de um tratamento especial”. Não me orgulho de ter feito este tipo de julgamentos.

Nos últimos anos tenho vindo a mudar de opinião. E tenho vindo a mudar de opinião por causa de artigos como este.  


Esta vaga de sexismo que tenho sentido a crescer, principalmente a nível intelectual, confunde-me. Na bela era em que vivemos, na qual cada vez mais vejo as mulheres a desempenharem papeis realmente relevantes a nível cultural, politico, educacional etc., está finalmente a deixar a sua marca vincada na história da humanidade. Não era isso que o queríamos? Igualdade? Pois a Igualdade está aos poucos a fazer-se notar e não tem sido particularmente bonita de se ver graças a artigos como o que referi em cima.

Há poucas tarefas mais complicadas do que a tentativa de afirmação de uma mulher num mundo ou tema comandados por homens. Confesso abertamente que não me vejo sequer a tentar integrar (muito menos com sucesso) num meio dominado pelo sexo masculino, pois a verdade é a seguinte: às primeiras piadas, à constante necessidade de exprimir seriedade forçada sempre que abrisse a boca e a partir do momento em que sentisse a minha confiança ruir pedia para que me indicassem onde é que se situava a porta de saída mais próxima. Em suma, é preciso ter estofo, principalmente quando o sexismo é menos óbvio e se refugia em “factos científicos”. Por exemplo, sabiam que o cérebro do homem é maior que o da mulher? Sim, e? Na verdade nada realmente comprova que as funcionalidades e capacidades do homem e da mulher não sejam, na sua base, idênticas. No final de contas, o corpo do homem é também maior que o da mulher, tal como o cérebro da baleia azul pesa mais do que 5 kg. E quanto à inteligência emocional (outro facto), a eterna esmola do sexista que ainda não saiu do armário, por favor não me obriguem a ser crude ao indicar onde é que eu acho que a deviam meter.

É já de si extremamente difícil para a maioria da população feminina conseguir passar a barreira inicial (isto é – serem levadas a sério) fomentada durante séculos e séculos por uma sociedade patriarcal cuja base reside inevitavelmente na força física – e no final do caminho as mulheres ainda correm o risco de serem desacreditadas porque as saias que escolheram usar hoje são ligeiramente mais curtas do que as dos outros dias. 

Seguem-se depois, sem evidente pressa, os nobres e eloquentes indivíduos que usam o prémio Nobel (entre outros) como argumento da superior inteligência masculina. Como é que poderiam haver mais elementos femininos a ganhar o que quer que seja? Só o facto de muitas mulheres conseguiram dar um passo avante em torno de áreas “que não lhes dizem respeito” e sujeitarem-se a um julgamento pré concebido, a pressões despropositadas e a piadas de mau gosto e mesmo assim chegarem ao fim com força para iniciarem um novo projecto vale uma vénia. Mas devia valer mais, devia valer um indiscutível respeito.

O pior do sexismo é provavelmente o afastamento que gera entre as próprias mulheres, e este é inconsciente, o que origina uma incapacidade de união que em nada ajuda o propósito da evolução. As mulheres ao detectarem um certo desdém por parte dos homens em relação a outras mulheres têm tendência a afastarem-se das mesmas e a aliarem-se aos homens de forma a destacaram-se e a não passarem pelo mesmo tipo de sexismo. Logicamente este tipo de comportamento empata ainda mais o caminho para a, agora já bastante distorcida, igualdade.

A mulher tem sempre qualquer coisa a provar, que é digna, inteligente, capaz e até que é sexual (e depois cai nestas parvoíces de exaltar filmes que deviam estar escondidos juntos com as revistas porno dos anos 90 que muitos homens guardavam no fundo do armário das meias – ou não necessariamente, mas espero que compreendam onde quero chegar). A queda no ridículo não devia ser um risco tão constante.

Indo mais longe (já que vim até aqui), não interessa quem fez com que a raça humana evoluísse, quem tocou primeiro na pedra filosofal (porque verdade seja dita – ninguém vai realmente adivinhar qual dos sexos aprendeu primeiro a falar, a cultivar a terra ou a pintar nas paredes – apesar de que nesta última situação vários estudos defendem que as mulheres eram mais dadas às pinturas rupestres que os homens – para quem for curioso eis o artigo).

A mensagem que pretendo passar é bastante simples: não devemos pôr limitações a nenhum dos sexos, principalmente a nível intelectual. Se as vossas filhas aos seis anos sonham em ser astronautas, ou eventualmente especialistas em física quântica não somos nós ou vocês que lhes vamos colocar entraves pelo simples motivo de terem nascido mulheres ou mostrar-lhes interesses mais “adequados”. No fundo, o que as mulheres querem e continuam a querer é apenas a oportunidade de poderem sonhar da mesma forma que os homens e é aí é que reside a igualdade. Liberdade para se ser quem se quiser ser e não ter receio de um eventual desejo de voo para fora da zona de conforto, de preferência para o espaço. Não ter de ser uma luta constante ajuda, pois não há nada mais desmotivador do que, além de se ter de lutar pelos nossos objectivos, ter também de se lutar contra inseguranças impostas pelos outros.

Escrevi isto de rajada (possivelmente enervada), espero não ter dado muitos erros ortográficos ou sido desrespeitadora. Se fui, culpo o meu entusiasmo  mas deixo em baixo um video relativamente divertido para suavizar a eterna guerra dos sexos.

Nota: Isto nunca me aconteceu - os ditos geeks Portugueses são bons tipos.

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