Lá estava ela, a mulher à janela, melodiosamente camuflada
pelo reflexo de uma cortina no vidro.
Rogério. Rogério é um bom nome. Todos dizem que não podia ter sido melhor escolhido. Amado
pela mãe e pelo pai, amado pelos vizinhos da rua onde cresceu, pelos amigos,
amado até ao último cão e gato com quem se cruzava.
Rogério, a quem todos amavam, ansiava por ser amado pela
mulher atrás da cortina encarnada.
Ela morava num prédio, ele morava numa Casa. Daquelas com jardim.
Deu com a mulher depois de ter dado com o céu estrelado. Feita de raios de luz
que formavam uma imagem óptica real, lá estava ela, ampliada geometricamente no
fundo de um tubo.
(E coisas)