A Pirâmide
revelou-se para mim como um livro severo,
escrito de uma forma elegante e sentida que não consegui fechar enquanto não
acabei de o ler.
Somos instantaneamente confrontados com Oliver, a personagem central
d’ A Pirâmide, um jovem de 18 anos
cheio de desejos e poucas certezas. Delicado, involuntariamente snob, honestamente
simples, por vezes até cruel e ridículo mas sempre autêntico. Apesar da base do
enredo ser fortemente jovial (pois as personagens principais são adolescentes) nem
por isso este é menos profundo, muito pelo contrário pois, ao mesmo tempo que é
retratado o dia-a-dia de uma cidade pequena e mesquinha (mas não mais mesquinha
que qualquer outra cidade pequena) acompanha também as vidas e complexidades
das pessoas que a povoam. O mundo dos adultos é revelado da forma mais crude e romântica
aos olhos de Oliver e o estilo de escrita
do autor acompanha essas mesmas revelações de uma maneira harmoniosa e inteligível.
Autobiográfica e poética, A Pirâmide relata o desabrochar de Oliver (Golding) para a vida adulta, a descoberta do sexo, da
intimidade, e acompanha o próprio crescente entendimento do autor perante a sociedade que o rodeia. É uma simples e bonita viagem.
Foi o primeiro e único livro que li de William Golding.
(Parece
que o próximo da lista é O Senhor da Moscas.)